D.E.SÃO BERNARDO DO CAMPO
E.E.OMAR DONATO BASSANI
ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA
PROFª:ANA MARIA
ENSINO MÉDIO 1 ano B C D
*A atividade a seguir deverá ser realizada complementando as
anteriores de acordo com as adaptações feitas pelo app.CMSP com aulas online.
Habilidade a ser retomada;
-Analisar,relacionar as características de gêneros textuais
(notícia e conto)
-Elaborar e desenvolver pequenas sínteses de textos
(questões polêmicas(fato e fake)
UM APÓLOGO
MACHADO DE ASSIS
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está
você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma
cousa neste mundo?
— Deixe-me,
senhora.
— Que a deixe? Que
a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que
sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça,
senhora? A senhora não é alfinete, é
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe
importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua
vida e deixe a dos outros.
— Mas você é
orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso.
Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você
ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
— Você fura o
pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos
babados...
— Sim, mas que
vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás
obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os
batedores vão adiante do imperador.
— Você é
imperador?
— Não digo isso.
Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só
mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo,
ligo, ajunto...
Estavam nisto,
quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se
passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não
andar atrás dela. Chegou a costureira,
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou
a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas,
pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira,
ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a
agulha:
— Então, senhora
linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que
vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não
respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela,
silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras
loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi
andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o
plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no
quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do
baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a
agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto
compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui
ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha,
perguntou-lhe:
— Ora, agora,
diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do
vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto
você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das
mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a
agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor
experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende,
tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida,
enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho
para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia,
que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho
servido de agulha a muita linha ordinária!
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9
- Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
DEPOIS DE LER O TEXTO, FAÇA O QUE SE PEDE.
1- O QUE É UM APÓLOGO? CONSULTE O DICIONÁRIO. DE ACORDO COM
O SIGNIFICADO DADO À PALAVRA, VOCÊ CONHECE ALGUM OUTRO APÓLOGO?
2- RELACIONE AS COLUNAS, USE O DICIONÁRIO, SE NECESSÁRIO.
A- SUBALTERNO
( ) CÃO PERNALTO E ESGUIO
PRÓPRIO PARA A CAÇA
DE LEBRES,É O MAIS RÁPIDO DOS CÃES;
B- OBSCURO
( ) COSTURO;
C- ÍNFIMO
( ) AQUELES QUE ABREM CAMINHO;
D- COSER
( )DE QUALIDADE MÉDIA OU
INFERIOR, VULGAR, COMUM
E- GALGO
( ) MUITO PEQUENO,INFERIOR,
VULGAR,O MAIS
BAIXO
DE TODOS;
F- MELANCOLIA
( ) SUBORDINADO, INFERIOR,
SECUNDÁRIO;
G- ALTIVA
( ) ORGULHOSO, ARROGANTE,
VAIDOSO;
H- BATEDORES
( ) ABATIMENTO, DESÂNIMO,
TRISTEZA;
I- ORDINÁRIA
( )SOMBRIO, POUCO
CONHECIDO,INDECIFRÁVEL.
3- “ERA UMA VEZ” PODE SER SUBSTITUÍDA POR QUAL OUTRA
EXPRESSÃO DE SEMELHANTE SIGNIFICADO? NORMALMENTE QUE TIPO DE NARRATIVA
INICIA-SE COM ESSA EXPRESSÃO?
4- A EXPRESSÃO “AGULHA NÃO TEM CABEÇA” NA LINGUAGEM
CONOTATIVA PODE SER ENTENDIDA COMO:
5- DE ACORDO COM O TEXTO, O QUE SIGNIFICA: “DAR FEIÇÃO AOS
BABADOS”?
6- QUAL O TEMA DISCUTIDO NO TEXTO? ASSINALE A(S)
ALTERNATIVA(S) CORRETA(S).
( ) O ORGULHO;
( ) A VAIDADE; (
) A HUMILDADE; ( ) A MODÉSTIA; ( ) A BONDADE; ( )
A SIMPLICIDADE; ( ) EGOÍSMO; ( ) PREPOTÊNCIA.
7- DEPOIS DE RELER O
TEXTO ATENTAMENTE, DIGA:
A- QUE TIPO DE
NARRADOR O TEXTO APRESENTA? ATENTE PARA POSSÍVEL MUDANÇA DE FOCO NARRATIVO.
JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
B- ESPAÇO TEMPORAL ( QUANDO):
C- PERSONAGENS:
D- ESPAÇO FÍSICO (ONDE):
E- FOI UTILIZADO O DISCURSO DIRETO? COMPROVE.
8- DE ACORDO COM O TEXTO, QUEM ERA ORGULHOSA E POR QUE O
ERA?
9- “SILENCIOSA E ALTIVA” SÃO QUALIDADES ATRIBUÍDAS A QUEM?
10- HÁ, NO TEXTO, USO DE VOCATIVO? COMPROVE SUA RESPOSTA COM
UM TRECHO DO TEXTO, CASO SUA RESPOSTA SEJA POSITIVA.
11- RETIRE DO TEXTO, A ONOMATOPEIA UTILIZADA PELO AUTOR E
DIGA O QUE ELA ESTÁ REPRESENTANDO.
12- IDENTIFIQUE:
A- A PERSONAGEM QUE
JULGA O TRABALHO IMPORTANTE, POIS É NELE QUE ESTÁ O SENTIDO DE SUA VIDA:
B- A PERSONAGEM CUJO INTERESSE É O RESULTADO DO TRABALHO, OS
ELOGIOS, FESTAS, O GLAMOU:
C- PERSONAGEM QUE SE AUTO AFIRMA INTELIGENTE:
13- QUEM DE FATO É POSSUIDOR DO FAZER, QUE COMANDA O
PROCESSO DE PRODUÇÃO: ( ) A AGULHA;
( ) A LINHA; ( ) A COSTUREIRA.
14- AGULHA, LINHA, BARONESA, COSTUREIRA: ESTABELEÇA TRAÇOS
COMUNS ÀS PERSONAGENS MENCIONADAS.
15- QUANTO AO “PROFESSOR DE MELANCOLIA”, PODEMOS CONCLUIR
QUE ELE:
( ) ESTAVA SEMPRE
SE DANDO MAL; ( ) QUE ERA
FREQUENTEMENTE PASSADO PARA TRÁS;
( ) SENTIA-SE
INJUSTIÇADO; ( ) RECEBIA O RECONHECIMENTO QUE JULGAVA
MERECER; ( ) ERA FELIZ PORQUE TINHA SEU TRABALHO
VALORIZADO.
16- LINHA E AGULHA ERAM SEMELHANTES PORQUE:
( ) AMBAS ERAM
HUMILDES; ( ) AMBAS ERAM ORGULHOSAS;
( ) AMBAS ERAM TRABALHADORAS; ( )
AMBAS ERAM VAIDOSAS.
17- O QUE VOCÊ ACHA QUE SIGNIFICA “SERVIR DE AGULHA PARA
MUITA LINHA ORDINÁRIA”?
OBS.:Ler,analisar e realizar.
Bons estudos
Sério!???NENHUM aluno respondeu!??
ResponderExcluirTentei , porém não estou conseguindo responder
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