segunda-feira, 18 de maio de 2020

PORTUGUÊS 1º ANOS B,C,D


D.E.SÃO BERNARDO DO CAMPO
E.E.OMAR DONATO BASSANI
ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA
PROFª:ANA MARIA                                                         ENSINO MÉDIO 1 ano B C D

*A atividade a seguir deverá ser realizada complementando as anteriores de acordo com as adaptações feitas pelo app.CMSP com aulas online.
Habilidade a ser retomada;
-Analisar,relacionar as características de gêneros textuais (notícia e conto)
-Elaborar e desenvolver pequenas sínteses de textos (questões polêmicas(fato e fake)

 UM APÓLOGO                                            MACHADO DE ASSIS

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
    — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
    — Deixe-me, senhora.
    — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
    — Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
    — Mas você é orgulhosa.
    — Decerto que sou.
    — Mas por quê?
    — É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
    — Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
    — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
    — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
    — Também os batedores vão adiante do imperador.
    — Você é imperador?
    — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
    Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.    Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
    — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
    A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

    Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
    — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
    Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
    — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
    Contei  esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
    — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.

DEPOIS DE LER O TEXTO, FAÇA O QUE SE PEDE.
1- O QUE É UM APÓLOGO? CONSULTE O DICIONÁRIO. DE ACORDO COM O SIGNIFICADO DADO À PALAVRA, VOCÊ CONHECE ALGUM OUTRO APÓLOGO?

2- RELACIONE AS COLUNAS, USE O DICIONÁRIO, SE NECESSÁRIO.
A- SUBALTERNO        (    ) CÃO PERNALTO E ESGUIO PRÓPRIO PARA A CAÇA
                                        DE LEBRES,É O MAIS RÁPIDO DOS CÃES;
B- OBSCURO              (    ) COSTURO;
C- ÍNFIMO                  (    ) AQUELES QUE ABREM CAMINHO;

D- COSER                    (    )DE QUALIDADE MÉDIA OU INFERIOR, VULGAR, COMUM
E- GALGO                    (    ) MUITO PEQUENO,INFERIOR, VULGAR,O MAIS
                                        BAIXO DE TODOS;
F- MELANCOLIA        (    ) SUBORDINADO, INFERIOR, SECUNDÁRIO;
G- ALTIVA                   (    ) ORGULHOSO, ARROGANTE, VAIDOSO;
H- BATEDORES          (     ) ABATIMENTO, DESÂNIMO, TRISTEZA;
I- ORDINÁRIA            (     )SOMBRIO, POUCO CONHECIDO,INDECIFRÁVEL.

3- “ERA UMA VEZ” PODE SER SUBSTITUÍDA POR QUAL OUTRA EXPRESSÃO DE SEMELHANTE SIGNIFICADO? NORMALMENTE QUE TIPO DE NARRATIVA INICIA-SE COM ESSA EXPRESSÃO?

4- A EXPRESSÃO “AGULHA NÃO TEM CABEÇA” NA LINGUAGEM CONOTATIVA PODE SER ENTENDIDA COMO:

5- DE ACORDO COM O TEXTO, O QUE SIGNIFICA: “DAR FEIÇÃO AOS BABADOS”?  

6- QUAL O TEMA DISCUTIDO NO TEXTO? ASSINALE A(S) ALTERNATIVA(S) CORRETA(S).
(     ) O ORGULHO; (     ) A VAIDADE;   (     ) A HUMILDADE;  (     ) A MODÉSTIA; (    ) A BONDADE;  (    ) A SIMPLICIDADE;  (    ) EGOÍSMO; (    ) PREPOTÊNCIA. 

7-  DEPOIS DE RELER O TEXTO ATENTAMENTE, DIGA:
A-  QUE TIPO DE NARRADOR O TEXTO APRESENTA? ATENTE PARA POSSÍVEL MUDANÇA DE FOCO NARRATIVO. JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
B- ESPAÇO TEMPORAL ( QUANDO):
C- PERSONAGENS:
D- ESPAÇO FÍSICO (ONDE):
E- FOI UTILIZADO O DISCURSO DIRETO? COMPROVE.

8- DE ACORDO COM O TEXTO, QUEM ERA ORGULHOSA E POR QUE O ERA?

9- “SILENCIOSA E ALTIVA” SÃO QUALIDADES ATRIBUÍDAS A QUEM?

10- HÁ, NO TEXTO, USO DE VOCATIVO? COMPROVE SUA RESPOSTA COM UM TRECHO DO TEXTO, CASO SUA RESPOSTA SEJA POSITIVA.

11- RETIRE DO TEXTO, A ONOMATOPEIA UTILIZADA PELO AUTOR E DIGA O QUE ELA ESTÁ REPRESENTANDO.

12- IDENTIFIQUE:
A-  A PERSONAGEM QUE JULGA O TRABALHO IMPORTANTE, POIS É NELE QUE ESTÁ O SENTIDO DE SUA VIDA:
B- A PERSONAGEM CUJO INTERESSE É O RESULTADO DO TRABALHO, OS ELOGIOS, FESTAS, O GLAMOU:
C- PERSONAGEM QUE SE AUTO AFIRMA INTELIGENTE:

13- QUEM DE FATO É POSSUIDOR DO FAZER, QUE COMANDA O PROCESSO DE PRODUÇÃO: (    ) A AGULHA; (   ) A LINHA; (   ) A COSTUREIRA.

14- AGULHA, LINHA, BARONESA, COSTUREIRA: ESTABELEÇA TRAÇOS COMUNS ÀS PERSONAGENS MENCIONADAS.

15- QUANTO AO “PROFESSOR DE MELANCOLIA”, PODEMOS CONCLUIR QUE ELE:
(    ) ESTAVA SEMPRE SE DANDO MAL; (    ) QUE ERA FREQUENTEMENTE PASSADO PARA TRÁS;   (     ) SENTIA-SE INJUSTIÇADO;  (     ) RECEBIA O RECONHECIMENTO QUE JULGAVA MERECER;  (     ) ERA FELIZ PORQUE TINHA SEU TRABALHO VALORIZADO.

16- LINHA E AGULHA ERAM SEMELHANTES PORQUE:
(    ) AMBAS ERAM HUMILDES; (    ) AMBAS ERAM ORGULHOSAS; (    ) AMBAS ERAM TRABALHADORAS;  (     ) AMBAS ERAM VAIDOSAS.

17- O QUE VOCÊ ACHA QUE SIGNIFICA “SERVIR DE AGULHA PARA MUITA LINHA ORDINÁRIA”?
OBS.:Ler,analisar e realizar.
Bons estudos




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